Dia mundial da água é o dia em que muito comemoram, colégio fazem atividades, universidades palestras, empresas medem o seu nível de economia e comemoram, mas poucos se lembram de que água é vida e pode também ser morte quando falta ou quando está contaminada ou servindo de meio para proliferação de doenças.
A primeira pessoa que me veio à mente hoje foi Oswaldo Cruz, o sanitarista, que há cem anos morria deixando o Rio de Janeiro e saneado e livre da febre amarela!!
Ele criou o modelo de identificação de focos, e destruição destes focos com brigadas de mata- mosquitos, que eram homens vestidos de roupa caqui, com boné, botas e luvas que percorriam a cidade na busca incessante de focos de mosquitos.
E como ele fez isto? Trabalhando muito, visitando casas diuturnamente, invadindo quando necessário, criando verdadeira guerrilha contra o Aedis egypti que transmite a febre amarela urbana, a chicungunha, a zica e a dengue.
Agentes entravam nas casas, lavavam caixas de água e jogavam remédios em ralos e bueiros
Muitas vezes, as brigadas simplesmente invadiam as casas quando não eram bem-vindas. E quando a população começou a conseguir habeas corpus para impedir a invasão sanitária, Oswaldo Cruz colocou suas brigadas para trabalhar de madrugada, surpreendendo os moradores.
Ao encontrar doentes nas casas visitadas, os agentes não apenas desinfetavam o local, como providenciavam o isolamento domiciliar do paciente ou o transferiam para um hospital de isolamento, a Fundação Oswaldo Cruz.
Ele também lutou pela vacinação contra a varíola, e lutou contra alunos do colégio militar, e muitos outros grupos organizados, mas no final conseguiu que a população do rio de janeiro viesse a se vacinar.
Algumas pessoas falam de sua truculência, e outras falam de sua capacidade de visão. Em momento em que o saneamento rareava, realizar campanhas sanitárias, não era para qualquer pessoa. Tinha que manter a firmeza e se necessário a força.
Então hoje no dia das águas, peço para que todos se voltem novamente para a importância do saneamento. Façam em suas casas o que cada mata mosquitos, sob o antigo comando de Oswaldo Cruz faziam, limpem as áreas abertas onde poças de água vão servir de criadouros aos mosquitos, ratos, baratas, e todos os animais que transmitem doenças.
Lembro-me que ainda na década de 40 havia os mata mosquitos, mas pouco a pouco eles foram desaparecendo, e aí me pergunto. O que houve? Será que a saúde estadual e municipal achou que não haviam maias mosquitos? Será que achavam que não existiam mais valas negras?
O resultado deste abandono e falta de investimento em saneamento resultou em novas epidemias de dengue, zica, chicungunha, e rezem para que esta febre amarela que por enquanto é rural não venha para as áreas urbanas, porque se isso acontecer vai ter uma grande perda de população.
Se na área rural ela surgiu pelo desequilíbrio da biodiversidade que eliminou predadores dos mosquitos, e tirou o equilíbrio do sistema, ao chegar à área urbana, ela a febre amarela, vai encontrar terreno fértil para se desenvolver. E será de novo a falta de saneamento que vai concorrer para sua disseminação.
Portanto amigos, a água na natureza deve ser preservada, junto com a biodiversidade, para que haja nascentes, florestas e cadeia alimentar que equilibra todos os níveis de populações, mas ao chegar à área urbana, ela deve ser tratada, e saneada, para servir como alimento a vida humana e não como veículo de transmissão de doenças.
(Fotos: do acervo da Fundação Oswaldo Cruz)