NA FALTA DE ALGUM PRÍNCIPE…

CAPA DE EDIÇÃO DE 1769 DO O PRINCIPE.

NA FALTA DO PRÍNCIPE…

Em uma época conturbada e sem lideranças Machiavel escreveu o príncipe, que seria o roteiro da preparação de algum príncipe, no caso o livro é dedicado a Lorenzo di Medici, que na visão de Maquiavel, teria por missão arrumar objetivos e missões necessárias à boa governança e união da então fracionada Itália,

Na abertura diz ele uma frase interessante, “Na verdade, o príncipe natural tem menores razões e menos necessidade de ofender: donde se conclui dever ser mais amado e, se não se faz odiar por desbragados vícios, é lógico e natural seja benquisto de todos. E na antigüidade e continuação do exercício do poder, apagam-se as lembranças e as causas das inovações, porque uma mudança sempre deixa lançada a base para a ereção de outra.” (Machiavel. N.1513)

Dá para entender perfeitamente porque a Inglaterra se mantém tão segura, enfrentando as mudanças e inovações, pois apesar de ter o poder distribuído em uma câmara de lordes, e um primeiro ministro mantém a tradição do príncipe herdeiro, que sucederá ao monarca da mesma família há séculos no poder, e que vem trazendo a segurança a seus cidadãos da continuidade e pompa necessários a valoração do poder.

Às vezes fico em duvida se fui clara. A Inglaterra é um exemplo, mas onde quero chegar é aqui mesmo onde moramos.

Lidamos com o que Maquiavel chama “Dos principados novos que se conquistam com as armas e fortuna dos outros” (Machiavel. N. 1513, cap. VII). Claro, usam-se o dinheiro do povo e das empresas e as parcerias dos amigos para conquistar um lugar na política, e depois se fica preso aos compromissos de dar empregos e contratos aos amigos que nos ajudaram; do jeito que as coisas andavam neste país, parece que chegamos a outra das frases que Machiavel, “você pode enganar poucos por muito tempo, muitos por pouco tempo, mas não engana para sempre a todos”. Esta frase já foi dita por Abraham Lincoln, e por muito outros, mas ela está também neste livro que me inspiro agora para entender o que acontece em nossa terrinha dos lagos.

Faltam lideranças, falta credibilidade, alguns dos governantes locais estão presos e outros só se mantiveram no tapetão, então os candidatos a ter seu nome na mídia, os que gostam de aparecer para conseguir armas (eleitorais) e dinheiro (de campanha) se acham no direito de atacar a todos, e todos que não sabem o que é política de boa qualidade, ou ambiente equilibrado, se acham no direito de atirar pedras em tudo e em todos, tentando propor mudança de situação…

Alegam que tudo está errado, colocam defeito em tudo, vejo criaturas saindo do limbo e se projetarem aproveitando a falta de liderança existente, nos postos chaves, para dar solução para tudo. Gente frustrada, que nunca fez nada querendo assumir posições que não vão conseguir manter.

Sinto muita pena, do histórico de nossa região, que tantas conquistas realizou nos últimos vinte anos na área de saneamento, e que agora por falta de postura dos seus lideres comprometidos com política e bem estar, vão deixar tudo ir pelo ralo.

Só posso lembrar a todos, que como Santo Agostinho “Combati o bom combate, completei a corrida, perseverei na fé!” (carta a Timóteo), não vou deixar nunca de combater pelo Bem, mas estou decepcionada com muitos falsos guerreiros, então vou lutar o bom combate no meu Município e na minha Serra, que é onde ainda estamos vendo pessoas trabalhando de forma interessada e dispostas a defender o bem pelo bem.