O Solitário Mundo do Imediatismo

Li recentemente duas matérias que me fizeram refletir sobre a situação do jovem de hoje, em decorrência da educação que lhe é ministrada atualmente, as consequências disso e também o contexto no qual esse jovem e demais indivíduos estão inseridos na atualidade.

Um dos textos, do famoso psiquiatra Augusto Cury, com vários livros publicados no Brasil e no exterior, fala da tristeza dos jovens desta geração de agora, a mais triste, na sua opinião. Ele atribui ao excesso de informações essa condição da juventude de hoje, que alterou o andamento natural do seu aprendizado para absorver, da maneira mais rápida possível, uma quantidade absurda de conhecimentos.

A rapidez desse aprendizado é diretamente proporcional à velocidade com que o conhecimento nos alcança através da veiculação das notícias e das descobertas acadêmicas pela rede global de comunicação – a Internet.

A discussão tem por base o atropelamento do processo natural do aprendizado do ser humano pela quantidade demasiada de informações e a velocidade com que as mesmas chegam ao cérebro das crianças e jovens. O estudo do Doutor Cury revela o prejuízo que tal costume causa à personalidade dos nossos jovens, culminando em transtornos psíquicos que geram comportamentos doentios. Tristeza, depressão, tendências suicidas, agressividade, entre outros transtornos, têm sido observados entre os adolescentes da geração atual e até mesmo em crianças.

E não podemos esquecer que o costume de se viver num mundo virtual não atinge somente aos mais jovens. Pais e mães, tios e avós estão trocando uma relação saudável com seus familiares por uma incursão por um mundo irreal ou por relações à distância, com prejuízo do relacionamento familiar, assim como a dedicação, quase exclusiva, à vida profissional, pelos pais e responsáveis, torna os relacionamentos familiares mais escassos. É o mundo do consumismo falando mais alto, em que os responsáveis trabalham mais para investirem maciçamente em bens de consumo. Essa tem sido a preocupação dos pais em relação aos seus filhos: presenteá-los cada vez mais com aparelhos eletrônicos de última geração e matriculá-los em diversos cursos extracurriculares. Isso prejudica principalmente os jovens, que se sentem cada vez mais solitários.

Na opinião de Augusto Cury o importante nos relacionamentos entre pais e filhos não está na quantidade do tempo dispensado e, sim, na qualidade do mesmo. Algumas horas por semana podem fazer milagres, assim como o estreitamento de intimidade entre as gerações pode ser um diferencial.

Outro estudo recente, realizado pelo americano Richard Louv, baseado em suas pesquisas, revela, talvez, a cura para os males descritos acima, pois sugere que estamos sofrendo um “transtorno de déficit da natureza”.

Segundo suas pesquisas, todo ser humano, principalmente as crianças, necessitam de contato permanente com a natureza, prática essa que traz saúde e ajuda no desenvolvimento das crianças e jovens. Temos necessidade de contato com os seres que realizam fotossíntese, ou seja, com a vegetação e com outras espécies de animais, além da nossa.

Segundo Louv, nesse mundo de concreto, em que vivemos trancados em apartamentos, playgrounds, escritórios e shoppings, levamos uma existência pouco saudável. Para ele o aumento de áreas verdes urbanas é fundamental, uma vez que o nosso mergulho no mundo tecnológico causa graves efeitos físicos e mentais.

Eu lembro, com muita saudade, da minha infância e adolescência e a dos meus irmãos e amigos. Acho que éramos mais inocentes. As crianças de hoje amadurecem muito cedo. Eu e os da minha geração crescemos assistindo aos musicais da Metro, na Sessão de Tarde, da TV Globo. Hoje só vemos sexo e violência na programação televisiva. Isso acaba com as esperanças dessa juventude.

Brincávamos mais nas ruas e em praças públicas. E as áreas verdes eram em maior quantidade. Os nossos relacionamentos eram presenciais, pois não tínhamos computadores. E até por isso mesmo, éramos mais inocentes e menos estressados.

Precisamos resgatar a singeleza desses tempos de outrora e com isso resgatar a nós mesmos.

Necessitamos mergulhar, imediatamente, na natureza, como mergulhamos agora, avidamente, no mundo virtual, para salvar esta geração tão desesperançada de jovens dos nossos dias.

É um compromisso que precisamos assumir, uma vez que nosso futuro depende dessa geração.

Um abraço fraternal a todos e um bom retorno à natureza.

Fontes: https://osegredo.com.br/page/3/   –   https://epoca.com.br – Alexandre Mansur – 09/06/2016; 19h12. Atualizado em 22/11/2016; 12h32.