A Quem de Direito

Há coisas nesta vida que me aborrecem sobremaneira, principalmente pelas consequências. Eu falo de oportunidades desperdiçadas com pessoas sem empenho ou sem capacidade para realizar determinada atividade.

Realmente, acredito eu, o nepotismo ou o dito “pistolão” são atitudes que irritam a maioria das pessoas, porque menosprezam o mérito.

E o pior não está apenas na vítima injustiçada, aquela que mereceria as benesses de um determinado cargo ou de uma promoção, pelo esforço empenhado. O prejuízo alcança igualmente aqueles que serão afetados pela realização de um serviço mal executado, seja no setor público ou na iniciativa privada.

O pré-requisito nesses casos é a influência do candidato à vaga oferecida, o famoso “QI” no seu sentido figurado, que, neste caso, infelizmente, não se refere à inteligência ou ao preparo do aspirante ao cargo que está vago, mas antes à indicação do seu “anjo” protetor. Alguém com ascendência sobre aquele que oferece a oportunidade ou mesmo que pode oferecer vantagens a esse empregador.

Em função disso, diversos são os casos de irresponsabilidades com que nos deparamos nas páginas dos jornais. Serviços mal realizados em setores importantíssimos, como na Construção Civil, por exemplo, que culminam em tragédias, com um grande número de mortos. São edifícios que desabam, viadutos que desmoronam, pontes que caem. Isso sem falar em outros setores.

E não precisamos voltar muito no tempo para encontrar um triste episódio para ilustrar esta matéria. Basta lembrar da Ciclovia Tim Maia, inaugurada em 17 de janeiro deste ano, que teria custado 44 milhões ao município do Rio de Janeiro e, não suportando o impacto de uma onda do mar mais forte, despencou, no dia 21 de abril, levando a óbito duas pessoas.

Segundo Nielmar de Oliveira – Repórter da Agência Brasil – “Uma série de irregularidades e descumprimentos de normas de segurança e de licitação levou ao desabamento”. E de acordo com informações colhidas no blog do Estadão a empresa que construiu a ciclovia que ruiu é da família do então Secretário de Turismo do Rio, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello. Ou seja, eis o motivo da escolha da empresa: não venceu por competência, mas antes por “influência”. O resultado? Foi aquele citado acima, que todos já conhecem, infelizmente.

Enfim, pessoas! Este nosso Brasil contém uma série de cidadãos competentes e comprometidos, cheios de ética e de dignidade. Verdadeiras “feras” nas suas áreas profissionais e empresas sérias, cheias de dignidade e correção profissional. Estão só aguardando uma oportunidade para mostrar o seu valor e elevar este país à categoria de excelência que ele merece.

Não adianta tentar corrompê-los, pois o que têm para oferecer é a sua competência e honestidade, o que, para mim, é o que verdadeiramente deveria importar.

Então, senhores empresários ou administradores “temporários” da “máquina” pública! Ajam com igual valor moral e, preocupando-se um pouco mais com a população, antes de favorecer a si próprios ou as suas familias e amigos, contratem coloboradores com responsabilidade moral, com ética, com talento para a área onde atuam e a melhor formação possível, para que não voltemos a ler, com profundo pesar, mais uma vez, notícias vergonhosas nos principais veículos de notícias, como esta aqui citada.

Fontes:
http://m.agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-04/prefeito-do-rio-diz-que-tambem-e-responsavel-por-queda-de-ciclovia

http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/empresa-que-construiu-ciclovia-que-ruiu-e-da-familia-do-secretario-de-turismo-do-rio/