Mensageiro dos Lagos

BARRAGEM DE JUTURNAIBA 5 – A PRESERVAÇÃO

Estação e trens de Juturnaíba, foto Dalva Mansur

 

A LAGOA DE JUTURNAIBA E A BACIA DO RIO SÃO JOÃO

Vamos agora colocar alguns dos dados referentes a Lagoa de Juturnaíba e Bacia do Rio São João que falam de sua conservação.

Existe algo muito interessante sobre a Lagoa de Juturnaíba, que é o volume de chuva sobre a região da bacia do São João, e que é maior do que o regime de chuvas na Região dos Lagos junto as sub bacias de Araruama, Saquarema e Una. Sempre é possível observar que mesmo em dias de sol lá estão as nuvens, e que elas estão sempre presentes nas fotos da região.


foto Dalva Mansur

Mas isto só é possível pela grande qualidade de mata nativa ainda existente na região e que deve ser cada vez mais incentivada e preservada. Um reservatório de água só cumpre seu papel de abastecer e levar vida a quem dele se abastece se estiver em área florestada. Foi por este motivo que toda a bacia do São João foi transformada em área de proteção ambiental- APA São João, (www.icmbio.gov.br/apasaojoao) criando-se um zoneamento de atividades permitidas. Mas também é por este motivo que o Município de Silva Jardim é o maior ICMS Verde do Estado do Rio de Janeiro. ICMS Verde é um percentual do ICMS, tal como seriam royalties verdes que cada município recebe por manter florestas nativas, realizar saneamento, ter unidades de conservação, manter programas de coleta seletiva, (Lei Estadual nº 5.100 criada em 2007).

Neste momento também se estuda outro incentivo formal que é o pagamento por serviços ambientais, a ser pago aos proprietários que mantiverem mananciais, nascentes, margens e reservas legais, totalmente florestadas, por mata nativa. Já existem projetos e experiências em alguns comitês.

Pode-se acrescentar ainda outras unidades de conservação presentes em nossa bacia e que ajudam a manutenção da biodiversidade e da produção de água.

Dentro da bacia do São João, temos ainda a reserva Biológica do Poço D’Antas, e uma parte da Reserva União, ambos administrados pelo ICMBIO, nas nascentes do Rio São João, temos o Parque dos Três Picos (INEA). Na bacia de Araruama temos a APA da Serra de Sapiatiba que divide a bacia de Araruama e a bacia do rio Una, além de ser o primeiro sinal de aglomeração de nuvens de chuva na região. Além dela, junto ao mar temos a APA da Massambaba, formando a Lagoa Araruama, e a APA do Pau Brasil, seguindo por Cabo Frio e Armação dos Búzios.

Sobreposta a estas APAs temos o parque da Costa do sol, além de inúmeros parques municipais, como o Parque Municipal da Mata Atlântica Aldeense (São Pedro da Aldeia), o parque do Mico Leão (Cabo Frio), a APA da Serra de Matogrosso (Maricá e Saquarema), e mais de vinte RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural),só para falar daqueles que já tem plano de manejo.

Este empenho em conservar é uma característica presente na Região dos Lagos. Antes uma região tão explorada em seus recursos naturais, e que veio a se tornar uma região onde se vive e discute meio ambiente e conservação.

A região onde o índice médio de pluviosidade é de 0,70 cm por ano, com grandes áreas de dunas e rios intermitentes, e que durante toda a crise hídrica manteve o nível de seu reservatório graças ao seu empenho em manter as suas matas e as áreas de conservação.

Apesar disso torna-se necessário realizar cada vez mais o replantio de vegetação nativa, visto que algumas áreas no entorno da Lagoa de Juturnaíba estão bastante assoreadas. Primeiro porque foram escavadas, e isto provoca assoreamento, depois porque o desmatamento ocorrido para estender as áreas de agricultura que surgiram com a drenagem da bacia, não foi ainda recuperado e o gado pasta em longas áreas sem vegetação alguma ou sombra para sua proteção. A criação de gado de forma extensiva, causa o pisoteio em áreas de terra nua ou apenas com capim rasteio aumentando o assoreamento das margens e encostas. Estas áreas desmatadas, apenas vão arrastar terra e restos dos insumos da agricultura e do esterco do gado para dentro dos rios e do reservatório de Juturnaíba.

O reflorestamento entra aí como proteção das nascentes, das margens e aumento da área de absorção de água, pois as raízes que fixam as arvores, fixam também o solo e dificultam o desgaste das margens e encostas.

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