Estamos vivendo um momento de extrema tensão, primeiro pelas tragédias ocorridas em Minas Gerais, e depois por reportagens e listas falando de barragens dizendo que nossa Juturnaíba corre risco em sua estrutura, mas o que temos que chamar atenção é que no mesmo quadro em que se diz que Juturnaíba tem risco afirma-se que Brumadinho não oferece risco!!
Como estou com um texto pronto para impressão sobre o lago de Juturnaíba, vamos então publicar aos poucos, textos deste livro para que todos saibamos um pouco mais sobre nossa represa.
PRIMEIRO CAPÍTULO.
INTRODUÇÃO
Falar da Lagoa de Juturnaíba é falar de toda a Região dos Lagos, isto porque, ela está situada no centro da Bacia Hidrográfica Lagos São João e abastece a todos com suas águas. Desde 1984 ela é o reservatório que abastece toda a região dos lagos, de onde duas concessionárias –Águas de Juturnaíba e Prolagos – retiram águas para tratar e distribuir, entre Araruama, Saquarema, Silva Jardim, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. Completando o abastecimento da região a CEEDAE, mantém uma tomada no rio Bacaxá para Rio Bonito.
Em Casimiro de Abreu a Empresa Municipal Águas de Casimiro capta do Ribeirão da Luz afluente do rio Aldeia Velha. Além destas empresas, inúmeras fazendas, sítios e empresas retiram através de poços, água desta bacia hidrográfica.
Todo este manancial tem uma característica única, os rios, e as lagoas são abastecidos por nascentes dentro da própria bacia, estamos geograficamente bem destacados das bacias que nos são vizinhas. Isto significa que podemos como poucos cuidar de nossa água e de nosso sistema de proteção de nascentes e recarga de nosso aquífero. Então fica aqui a lembrança. O que acontece na Bacia Hidrográfica Lagos São João, é de nossa responsabilidade. Cuidar de não contaminar ou jogar lixo nos rios e lagoas, evitar o uso de agrotóxicos que vão depois contaminar a água, não deixar lixo e resíduos nas calçadas, que são com a chuva levados para os rios, reflorestar as margens e topos de morros, enfim, cuidar de nosso ambiente, é responsabilidade nossa, porque recebemos um presente que é nossa bacia hidrográfica e temos que fazer o melhor possível para preservá-la.
Ao olharmos o mapa desta região vemos que a Juturnaíba é abastecida pelo Rio São João, que nasce em Cachoeiras de Macacu, pelo rio Capivari, que nasce em Silva Jardim, e pelo rio Bacaxá, que vem dividindo os municípios de Rio Bonito e Araruama, depois de coletar as nascentes que vem de Saquarema, até desaguar na lagoa de Juturnaíba. Mas ela, a Juturnaíba, é também uma represa criada sobre o lago de Juturnaíba, que quer dizer lago das águas medonhas e que trazia consigo inúmeras lendas sobre o ronco fenomenal de suas águas atribuído a algum animal pré-histórico. Dizem que jacarés de grande porte habitavam suas águas, e alguns falam do pássaro que gritava nas noites afastando quem dela se aproximava. A construção da represa aumentou a área da Juturnaíba que era de 8 Km ², para 43 Km², drenando toda a região, que era pantanosa, criando áreas novas para a agricultura e principalmente as plataformas dedicadas ao plantio de arroz.
A drenagem da área teve como motivos, o saneamento evitando a malária e a criação de áreas para agricultura, visando a fixação do homem no campo. O responsável por todo este trabalho foi o Departamento Nacional de Obras de Saneamento, órgão instituído em 1946 no governo Dutra e extinto em 1990 no governo Collor.
“O artigo 2º do Decreto-Lei N. 8.847 – De 24 De Janeiro de 1946, que decreta sua criação nos fala que DNOS teria por finalidade promover, orientar, superintender, estudar, projetar, executar, contratar, fiscalizar e instruir todos os empreendimentos ou assuntos relativos à construção, melhoramento, conservação, modificação e exploração de obras de saneamento e defesa contra inundações”
