Meus caros concidadãos!
Estamos vivendo tempos obtusos, não há como negar, mas defender uma nova intervenção militar, que pode gerar mais vinte anos de ditadura, isso, sim, é uma loucura! Esse arriscado passo poderia significar o fim das liberdades de imprensa, das liberdades individuais de expressão e a volta das torturas e desaparecimentos de filhos e pais, pelo simples fato de discordarem do regime.
Será que é isso que o Brasil precisa? Ser novamente tutelado pelas autoridades? Não! Por mais errados que estejamos, precisamos é aprender a andar com as próprias pernas. Democracia não é uma palavra vazia. Faz com que as pessoas aprendam com os próprios erros e cresçam. E é isso que o Brasil precisa: de maturidade! E estamos no caminho certo quando nos rebelamos contra a corrupção. Fazendo das passeatas, uma pressão popular que, mais cedo ou mais tarde, forçará o governo a se moralizar. O importante é não desistirmos, é insistir até lograrmos êxito .
Porém, quem fala em intervenção militar, só pode estar brincando. Não precisaria dizer mais nada: só perguntar aos que foram torturados e exilados, o que eles acham.
Por outro lado, procurem saber o que aconteceu com a Cultura deste país depois da passagem da “tesoura” da censura. O cinema nacional quase que ficou reduzido a pornochanchadas. Peças de teatro impossibilitadas de serem montadas por falta de texto, depois que tudo foi “cortado” pelos censores, sendo estes, muitas vezes, uns boçais, truculentos e sem instrução, sem a mínima ideia de como se constrói um texto teatral. E na TV ocorria o mesmo, ou até mais, com grandes obras, de grandes autores, proibidas de serem exibidas – vide Roque Santeiro, uma novela de Dias Gomes.
Não fossem o talento e a criatividade dos nossos artistas, nossos grandes gênios literários e musicais, e as salvadoras metáforas, é claro, a cultura nacional teria sido um terreno estéril, sem vida.
Bem quando o cinema novo, importante movimento revolucionário do cinema nacional, que surgiu nos anos 50, ganhava corpo e galgava os degraus do sucesso, em 1967, o filme “Terra em Transe”, grande obra do cineasta Glauber Rocha, teve a sua exibição proibida nos cinemas nacionais. Entretanto, como a justiça tarda, mas não falha, foi premiado no Festival de Cannes, assim como antes, em 1964, “Deus e o Diabo na terra do sol”, do mesmo diretor, já havia causado excelente impressão, naquele festival, mesmo sem receber prêmios.
É consenso geral que o brasileiro tem memória curta e isso se evidencia claramente quando se sugere a volta de um regime sob o qual muitos sofreram e outros tantos sucumbiram. Isso me faz recordar uma passagem da Bíblia, do Velho Testamento, em que o povo judeu, em muitas ocasiões, diante das dificuldades enfrentadas na busca pela terra prometida, questionava, primeiro a Moisés e depois a Josué, seu sucessor, se o melhor teria sido que tivessem ficado no Egito. Falava mais alto, nesse momento, a mentalidade escrava, submissa.
Por tudo que foi exposto, peço aos leitores que avaliem o que leram e considerem, mesmo que remotamente, a possibilidade da volta de um regime em que a repressão verde e uniformizada permeava a vida de todos e controlava pensamentos e ações.
Reflitam se estão dispostos a abrirem mão de pensarem por conta própria e de escolherem o que é melhor para si. Ou melhor, se estão dispostos a perder a possibilidade, quase total, de escolha no âmbito político e social.
A liberdade foi um importante legado que nos foi conferido por muitos que foram vítimas da mesma ditadura que estamos querendo ressuscitar agora.
Pense nisto: o livre arbítrio é tão importante, que foi um presente de Deus confiado a todos nós.
Desejo a todos muita paz e um caminho iluminado.