Segundas Intenções

Li, há algum tempo, uma matéria que foi publicada, creio, em seis de novembro de 2012 e reproduzida no Blog “Criticando a Mídia”, em 22 de março de 2013, sem referência ao nome do autor do texto, que alertava para o fato de instituições estrangeiras, numa atitude “humanitária”, instalarem-se na Amazônia. Supostamente estariam, num gesto altruísta, procurando ajudar populações locais, com foco nas nações indígenas, devido as suas “carências e falta de recursos”. Realmente, problemas como o desrespeito à demarcação das terras indígenas, terras essas constantemente invadidas para extração ilegal de madeira e por grileiros, acontecem com frequência.

Seria até uma atitude louvável por parte dessas instituições, não fosse o fato de encontrarmos população tão ou mais carente no Sertão nordestino, vítimas do problema secular que afeta aquele ecossistema, a seca. E mesmo assim essas comunidades não são sequer consideradas nos projetos desses órgãos internacionais. Por que será?

O fato é que lá não se encontram tantas riquezas, minerais e vegetais, quanto as existentes em estado de abundância na Amazônia, cobiçadas por diversos governos, de todos os continentes. Naquele rico bioma, segundo li na referida matéria, encontramos ouro, nióbio, petróleo, cobre, zinco, prata, ferro, manganês, diamantes, esmeraldas, rubis e grande biodiversidade, o que pode gerar grandes lucros para investidores internacionais. E creio que também ao governo brasileiro, uma vez que não interferem na instalação dessas instituições em solo nacional.

Muito interessante mesmo! E lógico! As ações neste mundo atual são praticadas com vistas a um objetivo prático de retorno de investimentos. Isso fica bem claro num ditado popular brasileiro: “não dar ponto sem nó”. É facilmente perceptível o interesse dessas instituições em se estabelecerem em tal lugar: todos ambicionam se apropriar do seu “quinhão”.

O que é preciso entender é que a natureza não está a venda. Não pertence a ninguém e por esse motivo deveria ser inalienável. E ao mesmo tempo, pertence a todos nós para uso compartilhado. Dela devemos nos servir sem consumi-la, sem esgotá-la, pedindo licença sempre e não esquecendo de agradecer por essa dádiva divina.

Os usofrutos são nossos, mas estamos apenas pegando emprestado o que pertence ao mundo, o que pertence aos nossos filhos, netos e demais descendentes. Portanto, não podemos esgotar o que não pertence unicamente a nós. Sim, precisamos preservar a natureza, conservando-a saudável para o nosso bem-estar, mas também para o desfrute das gerações que ainda virão.

Fontes:
https://m.facebook.com/jornalistaslivres/posts/608753935915154

http://criticandoamidia.blogspot.com.br/2013/03/por-que-nao-tem-ongs-no-nordeste-seco.html

Fotos:
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/polopoly_fs/1.1192600!/image/image.jpg

http://www.patrulhaambientaldeinteligencia.com/wp-content/uploads/2015/12/a-amazonia-em-familia-indios-6682961.jpg