Mensageiro dos Lagos

SEMANA DO MEIO AMBIENTE, LUTA SEM FIM PELA PRESERVAÇÃO

A memória é curta, a massa é facilmente distraída por novas atrações, enfim, vale aquilo que você mais divulgar como sendo verdade.

E, apesar dos esforços verdadeiros de tantos interessados, a verdade em relação a preservação é dura e difícil de acompanhar.

Vemos que cargos antes técnicos ou militantes são entregues à satisfação de acordos políticos e interesses financeiros.

Como exemplo, temos que lembrar o que aconteceu com o Parque Estadual da Costa do Sol, quando foi necessário recorrer ao Ministério Público Estadual , para comprovar que a Instituição que tinha a obrigação de preservar, estava na verdade propondo a retirada de várias áreas plenas de biodiversidade, muitas naturalmente protegidas pela lei do SNUC, simplesmente por serem encostas, faixas marginais de proteção, serem habitat de animais em extinção, e isto apenas, simplesmente, para atender a interesses de diversos proprietários que desejavam retirar suas áreas do parque para delas dispor como melhor entendessem.

Grande MPE, que compreendeu a situação e respondeu com ajuizamento da ação de prevenção suspendendo a retirada de áreas do parque, até a conclusão do plano de manejo, e estabelecendo um prazo para esta conclusão, destacando que a falha do estado “inviabiliza atingir os objetivos propostos quando da criação da unidade de conservação e implica em uma atuação funcional limitada, parcial e insuficiente do órgão gestor.”

Por sua vez o IBAMA está em franco desmoronamento de suas ações com a troca de gestores técnicos por gestores políticos, pessoas desconhecidas, e sem formação para encargos de responsabilidade na preservação da nossa biodiversidade.

Muito trabalho de educação ambiental vem sendo feito, muito já foi construído, mas a politica além de não olhar para a educação e a saúde, resolve dispor das poucas áreas preservadas para atender as suas negociações.

Por aqui temos sofrido com o plantio de cana na faixa marginal de proteção de nosso reservatório e de nossos rios. Às sextas feiras, são os incêndios, para criar áreas para invasões. Áreas de Parques e de APAs, são invadidas, por loteamentos irregulares. Digo sextas feiras, porque nas sextas, os funcionários responsáveis pela fiscalização não trabalham, então o fogo é colocado na sexta, e no sábado e domingo são construídos os barracos.

E tudo isto sobre os olhos dos políticos locais, e estaduais. As guardas ambientais municipais trabalham, algumas conseguem, mas não são todas, algumas não conseguem nem se deslocar para cumprir suas ações.
Quero não ficar reclamando, mas alertando para o fato de todos precisarmos de água, de vegetação e de animais que fazem a riqueza das matas, seja plantando seja realizando d polinização. Não é papo de ambientalista, é papo de sobrevivente, que quer ver outros sobreviventes deste holocausto que é a mudança climática que estamos sentindo e achando que vai passar, que não é tão sério assim, mas que é serio mesmo, está causando alterações de temperatura, degelo no ártico, aumento do nível dos oceanos, e outras coisas que não nos damos conta.

Quero terminar lembrando a carta da Mata Atlântica:

“QUERIA QUE SE ESCREVESSE SOBRE AS COISAS DE CÁ DIGNAS DE ADMIRAÇÃO OU DESCONHECIDAS NESSA PARTE DO MUNDO. CONFORMANDO-ME COM O PROVEITOSO MANDADO FAREI COM A POSSÍVEL DILIGENCIA A OBRIGAÇÃO QUE ME INCUMBE”.

São Jose de Anchieta, São Vicente, 31 de maio de 1560, assim começa a primeira carta descrevendo a Mata Atlântica, e falando de nossa flora e fauna abundantes e diferenciada, isto foi a quatrocentos e cinquenta e oito anos, de lá para cá só desmatamos, e não venha ninguém dizer que está se recuperando que não é verdade, se alguns locais estamos reflorestando, em outros alguém está desmatando. Ou pior, está colocando monoculturas e acreditando que está criando oportunidades econômicas.

Estou há muitos anos nesta luta, e uma coisa aprendi: Preciso falar, preciso mostrar, preciso não parar nunca, pois do lado de lá, alguém espera que eu me canse, ou desista, mas isto não vai acontecer, pois eu já estou vendo a segunda geração de ambientalistas se movimentar, e eles vão continuar a falar e agir, e mostrar!!

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