A Vaquejada foi considerada patrimônio histórico do Brasil após uma longa e polêmica discussão no Congresso Nacional. A atividade se refere quando dois vaqueiros montados em cavalos têm de derrubar um boi, puxando-o pelo rabo.
A discussão surgiu após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou, em Outubro de 2016, a vaquejada uma atividade cruel com os animais ao analisarem uma Lei do Estado do Ceará que garante a desportividade cultural do evento. O que abriu uma série de decisões judiciais contra e a favor da legalização dos eventos envolvendo animais como rodeios e festas de peões, bem populares no Nordeste brasileiro.
Com o objetivo de derrubar o entendimento do Supremo, o Deputado Federal Capitão Augusto (PR-SP), apresentou um Projeto de lei que eleva o rodeio e a vaquejada como “expressões artísticos-culturais” à condição de Patrimônio Histórico Imaterial do Brasil. O que dividiu ainda mais a opinião pública.
Após um longo debate na Câmara e no Senado, com veterinários, militantes da causa animal e parlamentares,a Lei foi sancionada no dia 30 de Novembro (Lei 13.364/2016).
Para quem não sabe, segundo o próprio Senado, a vaquejada têm um valor muito grande na economia. A Associação Brasileira de Vaquejadas (Abvaq)diz que no Nordeste movimenta R$ 700 milhões por ano e gera 750 mil empregos diretos e indiretos (talvez por isso a agilidade e rapidez com que o projeto foi aprovado no Congresso).
O que mais me intriga é a competência seletiva de nossos representantes em Brasília, que quando se trata de interesses da iniciativa privada, de grandes empresários e latifundiários, eles tratam logo de acelerar o processo da tramitação das leis no Congresso Nacional. Mas, quando se trata de leis que beneficiam o trabalhador, que facilitem o bem da população, logo, aparecem barreiras, dificuldades e a burocracia mostra sua cara no cenário político.
Simplesmente ignoraram as frequentes notícias de maus-tratos a cavalos, bois e outros animais em alguns eventos como esses. Já houve relatos de utilização de choques e agressões aos bois do evento, para que o animal chegasse a arena alvoraçado o suficiente, para satisfazer o lazer humano. A BBC já noticiou em 2015, um “desenluvamento” (nome técnico dado ao arrancamento do rabo, a retirada violenta de pele e tecidos da cauda) de um boi numa vaquejada na Bahia.
O Congresso,lamentavelmente , dá a oportunidade para a conquista de lucro em cima do sofrimento animal, sem sequer planejar políticas de fiscalização para esses eventos. Isso retrata, o que já se suspeitava, de qual interesse alguns parlamentares defendem ? Do povo? Ou deles próprios?
E nesse grande curral da política brasileira, fica cada vez mais nítido, quem são os verdadeiros animais.