Esta semana surgiu uma denúncia junto ao Comitê de bacia Hidrográfica Lagos São João – CBHLSJ, de que a empresa Agrisa/Polimix, estava adquirindo terrenos a as margens da Lagoa de Juturnaíba.
Primeiro precisamos saber onde e quando, a notícia é anônima, o que nos causa espanto. Ou vem de algum com medo de falar o que sabe, ou vem de alguém que quer causar tumulto.
Historicamente a empresa vem arrendando área no entorno da fábrica, e plantando cana, que é regada por uma mistura de água com o resíduo da moagem e que se denomina vinhaça.
Já foi multada pelo INEA por lançar estes resíduos em uma lagoa de estabilização que escorreu para o Rio São João. Em 2014 o Comitê através do Subcomitê do rio Una, verificou lançamento e consequentemente alteração do aspecto dos canais que levam ao rio Una, que ficaram vermelhos como resultado do desenvolvimento de uma bactéria que se alimenta de vinhoto, que é rico em enxofre.
“As bactérias redutoras de enxofre são organismos anaeróbios obrigatórios que utilizam formas oxidadas de enxofre, tais como sulfatos ou enxofre elementar, ao invés do oxigênio como aceptor de elétrons. O produto desta redução é o sulfeto de hidrogênio (H2S) Essas bactérias são encontradas em lamas e em sedimentos anaeróbicos. De acordo com Brock (2004): as bactérias púrpuras sulfurosas são geralmente encontradas em regiões anóxicas e iluminadas em habitats aquáticos onde há acúmulo de H2S. Na presença de quantidades suficientes de sulfato que permitam sua redução, o sulfeto produzido nos sedimentos se difunde atingindo as águas profundas, anóxicas, onde as bactérias sulfurosas passam a produzir florescimentos extensos geralmente em associação com bactérias verdes sulfurosas fototróficas” (ata sub-bacia Una, de 29/04/2014)”.
Entretanto a notícia que corre está equivocada quando diz que o reservatório está a jusante da Agrisa. O que ocorre é que até agora todo o complexo das áreas alugadas pela empresa estão abaixo, a jusante do reservatório de Juturnaíba . O reservatório está a montante (acima) da área ocupada, o que se tem visto é a Agrisa avançando sobre áreas do quilombo Sobara, e que realmente o INCRA deveria ser avisada sobre isso, pois dali ele pode chegar até uma parte do lago. Não só para preservar o quilombo, mas também para que não encontre uma área que vai dar sobre uma parte do reservatório, que está abaixo da barragem.
O Comitê está solicitando a Agrisa/Polimix, o mapeamento das áreas ocupadas por próprio da empresa ou por arrendamento, o mesmo comitê CBHLSJ, solicitou ao INEA, vistoria nas áreas de plantio e na operação da empresa Agrisa/Polimix.
Esperamos que o INEA seja célere, e aproveitamos para solicitar também a todos os municípios envolvidos que façam também sua vistoria. Estes municípios são Cabo Frio, Araruama, São Pedro, Casimiro de Abreu e Silva Jardim.
Realmente o custo-benefício desta plantação de cana, é muito baixo em relação ao impacto de desmatamento e ressecamento do solo no entorno das bacias do São João, e do Una.
O comitê está atento, e avisamos que novos fatos serão aqui relatados por nós, visto que estamos diretamente envolvidas no fato, como guardiã da preservação ambiental de nossa região e neste momento como Diretora do Sub Comitê do Rio São João, não vou deixar passar em branco o fato, mas também não nos agradam notícias popularescas que visam tão somente levantar boatos sem comprovação e com isso desviar a atenção de fatos realmente importantes.