Barragem de Juturnaíba 4 – A barragem

foto Dalva Mansur

 

A Barragem

Dentro da Lagoa de Juturnaíba, na sua margem nordeste temos a barragem onde é controlado o volume do reservatório, e que após esta, desce pelas vertentes, e vai em plataformas até a planície onde o Rio São João foi retificado. Em fotos aéreas, ou mesmo nos sites de localização, podemos ver ainda o leito original, e depois de percorrer 133 km (Primo.P et all, 2005) o rio deságua no oceano atlântico entre Barra de São João (Casimiro de Abreu), e Tamoios (Cabo frio)

O barramento apresenta um comprimento total de 3.600m estando 1.300m na margem esquerda do rio São João, 2.160m na margem direita.

Recentemente, em virtude de notícias sensacionalistas, muitas pessoas têm se sentido ansiosas, em relação à nossa barragem, por isso estamos apresentando todos os detalhes, do reservatório, da barragem, do reflorestamento e da operação de captação para que todos tenham mais informação e desta forma se sintam mais seguros sobre este bem que é a Lagoa de Juturnaíba para nossa região.

Apesar de sua pequena altura (máximo de cerca de 8:40 metros), a barragem é bastante extensa, cortando transversalmente o vale do rio São João, no local onde ele se abre na grande planície sedimentar, quase ao nível do oceano. As suas ombreiras são enraizadas em duas colinas naturais, entre as que assinalam as bordas da região de tabuleiros.

A largura da crista ao longo de toda sua extensão é de 10,0 m e sua elevação na cota + 8,40m garante uma borda-livre de 2,2m acima do nível máximo do reservatório. Durante as cheias anuais de maior frequência o nível máximo é de 1,0m para a cheia máxima de projeto.

Para controlar o fluxo d’água sob a fundação foi projetado um tapete impermeável de montante formado por uma camada de solo argiloso compactado capeada por uma camada de silte arenoso compactado. As águas coletadas pelo sistema interno de drenagem e pelo dreno de pé são conduzidas para uma canaleta longitudinal.

Estes estudos estão consubstanciados na tese do Eng. Roberto Quental Coutinho: “Aterro Experimental Instrumentado levado à Ruptura sobre Solos Orgânicos – Argilas Moles da Barragem de Juturnaíba – RJ – 1986”.

 

Vertedouros

A necessidade de permitir a passagem da vazão de cheia de 862 m³/s (vazão para Tempo de Recorrência – TR = 200 anos), com uma lâmina vertente máxima de 0,70 m, exigiu um vertedouro com a extensão de 700 m.

O tipo de solo encontrado, fez com que se construísse os vertedouros em forma de labirinto, dividido em quatro segmentos, o que diminui o impacto da vazão quando da abertura dos vertedouros. Cada segmento do vertedouro com 180m de extensão, perfazendo um desenvolvimento total de 700 metros.

Os testes realizados sugeriram apenas uma soleira (“end sill”), o que permitiu a formação de um colchão de água para dissipar a energia da lâmina vertente.

Compõem ainda o sistema do Vertedouro: soleira vertente, dissipadores de energia e canal de restituição. A soleira vertente é do tipo perfil Creager, em concreto massa com altura da ordem de 10 metros acompanhando o seu desenvolvimento em toda a extensão. A dissipação de energia é proporcionada por dois dispositivos situados imediatamente a jusante da estrutura vertente, denominados bordilha e dentes de dissipação. A bordilha é uma estrutura de gravidade, ancorada na rocha, formando, em toda a largura do vertedouro, um degrau que provoca pequena acumulação da água que verte, para depois desaguar sobre a estrutura, até o plano em que se situam os dentes de dissipação em forma de rampas ascendentes alternadas. A seguir, o canal de restituição remansa em seus 230 m de largura inicial, para ir gradativamente afunilando até atingir 90 m, que é a largura dragada para todo o canal do Rio São João, da barragem ao mar.

Uma ponte rodoviária com 180 m de extensão e 7m de largura, com superestrutura composta de laje contínua com 8 vãos em vigas pré-moldadas e infraestrutura constituída por 7 linhas de 2 pilares apoiadas em blocos ancorados em rocha foi construída logo a jusante do Vertedouro permitindo o acesso de veículos à margem esquerda (Reserva do Poço das Antas).

Restituição da descarga, e irrigação

O sistema de restituição de descargas é constituído por duas tomadas d’águas e de dois canais de restituição laterais, situados nas extremidades do vertedouro, os quais, por meio de comportas acionadas por pedestal de manobra tipo volante com rosca sem-fim, grades e stop-logs podem restituir descargas para jusante e alimentar os canais de irrigação, a serem futuramente construídos em cotas mais elevadas, segundo previsto no projeto original do DNOS.

Foram os muros destes canais de irrigação situados a jusante da barragem que caíram, os do lado direito.

Como na verdade nunca foram usados como canais de irrigação e sua queda em 1992 não chegou a preocupar ou a causar alteração na sua função de alimentar os canais de irrigação.

Este resumo é retirado no relatório de operação da barragem.