IndigNação

 

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Há alguns anos ouvi uma frase dita pela apresentadora Hebe Camargo, num dos seus programas, que ela escutou de alguém, que não me lembro agora quem é. Fala sobre o jeito passivo do povo brasileiro diante dos desmandos do governo: “É preciso se resgatar a virtude da indignação”. Acho que é o que, tardiamente, estamos fazendo agora. Demoramos muito tempo para nos indignarmos diante de tantos absurdos.

O povo brasileiro é um povo festeiro! E é natural que seja assim, em se tratando de um país tropical, com tantas atrações naturais e, ainda, com as diversidades culturais que temos. Acho que as distrações eram tantas que não percebemos a que ponto absurdo chegou a exploração do povo por um governo extremamente mal intencionado.

A carreira política se tornou um trampolim para quem tenciona enriquecer. São raros os políticos de carreira, os grandes estadistas, como chamamos os grandes homens da história, que fizeram a diferença positiva no mundo e constribuiram para construir grandes nações. O que temos aqui, lamentavelmente, é uma grande quadrilha instalada no poder, uma corja, cuja única preocupação é depauperar o erário público. É como se nós mesmos, ao votarmos, abríssemos as portas da nossa casa, deixássemos um grupo de bandidos entrar e estes passassem a saquear os nossos bens, diariamente, sem que nos déssemos conta.

Pagamos altos impostos para ter saúde, educação, segurança pública e infra-estrutura, porém, para que tenhamos esses serviços de qualidade, temos que contratá-los em empresas particulares. Pagamos duas vezes pelos mesmos serviços. E agora o Governo do Rio quer que paguemos pela terceira vez, pois os impostos pagos antes foram desviados e querem que nós cubramos o rombo causado pela corrupção. É tanto descaramento que nem se preocupam mais em disfarçar.

É extremamente necessário que as manifestações contra essa descarada “farra do boi” continuem. Porém, sem vandalismos, só pressão popular. Precisamos nos recusar a pagar pelo que não temos, pois os recursos criados com os nossos impostos estão sendo usados para o luxo de poucos. E isso não podemos admitir mais!

Cabe informar aqui, que situações políticas insustentáveis e grandes e, aparentemente,”indestrutíveis” ditadores foram derrubados apenas com a pressão da população, sem revoluções, sem vandalismos, sem se disparar um tiro sequer. É o caso da atuação de Mohandas Karamchand Gandhi, o Mahatma Gandhi, na libertação da Índia do jugo inglês, usando a política da não-violência e da desobediência civil; e da ditadura militar no Chile, quando o povo, apenas se utilizando da imprensa e da pressão popular, conseguiu libertar a nação dos desmandos do seu presidente, o General Augusto Pinochet, um ditador sanguinário. Temos que nos mirar nestes exemplos e exigir a imediata instauração de CPIs para aqueles que ainda se encontram no poder, serem destituídos dos seus cargos e, posteriormente, punidos. Temos que moralizar a nossa administração pública. Não cabe mais ficarmos indiferentes a uma prática de crimes que se tornou tão comum que tranformou esta numa nação doente e apática. Precisamos dar a volta por cima e nos libertarmos dos grilhões da corrupção, que tanto tempo nos acorrentaram à ignorância e à miséria. Temos que pôr fim a uma impunidade que permitiu que tudo isso se repetisse, ano após ano, e chegasse ao ponto em que chegou. Esse é o nosso compromisso! Essa é a nossa obrigação!

Espero, com tudo isto, ter despertado a sua indignação. Não a sua revolta, pois isso não leva a nada, só turva a nossa visão. Nós precisamos é estar no controle da situação e agirmos com inteligência, a mesma inteligência que esses políticos desonestos usaram para nos lesar por séculos. Agir, também, dentro da lei, pois se queremos moralizar este país, devemos ser os primeiros a dar o exemplo.

Lembrem-se do nosso hino nacional: “Brasil, verás que um filho teu não foge à luta!” – e não fugiremos. A pátria nos chama e temos que estar prontos para enfrentar tudo e todos que queiram nos desmoralizar como cidadãos e à nossa nação. E este é apenas o começo!