O que pensamos, na verdade, sobre corrupção? E o que realmente entendemos desse assunto?
É muito difícil ter a noção de que o conceito internacional que nós temos é o de um povo corrupto. E, neste caso, pagam os justos pelos pecadores, pois o brasileiro é um povo sofrido e esforçado, que tem a imagem afetada, no exterior, por aqueles que resolveram “ganhar a vida” de um jeito mais “facil”. Coloco a palavra fácil entre aspas porque, na verdade, deve ser muito difícil enveredar pelos caminhos do crime e da corrupção. Saber que a qualquer momento a vida pode dar uma guinada para baixo, a pessoa ficar exposta à opinião pública e, o que é pior, vir a perder a liberdade. Não pela consciência, porque desta essas pessoas são desprovidas. Então, só a partir da derrocada, é que elas verão que perderam a verdadeira fortuna da vida: a paz de espírito. E isso é algo que não tem preço!
Mas será que a prática da corrupção é apenas aquela exercida pelos nossos políticos e nada mais? Será que tudo começa lá “em cima”, nos altos escalões? Não podemos esquecer que muitos parlamentares de hoje foram simples cidadãos, no início da carreira. Muitos eram até pessoas humildes e idealistas. Será que é o poder que as corrompe?
Acho que há vários ângulos dessa questão. Realmente, o sistema instaurado nos altos escalões do poder brasileiro é aquele em que se leva vantagem em tudo que se faz e se torna muito difícil, para quem envereda pelos caminhos da política, escapar ileso dessa tendência. Seja por pressão ou por tentação, própria da alma humana, muitos sucumbem e acabam aderindo ao “esquema”, ao “status quo”. Mas, sim, encontramos políticos honestos. Aqueles que resistem às pressões e tentações e, muitas vezes, colaboram para desbaratar as quadrilhas estabelecidas na administração pública. É há os mal-intencionados desde o início.
Porém, e na vida do cidadão comum, esse costume é totalmente estranho? Não observamos atos de corrupção acontecendo no dia-a-dia? Para quem respondeu que não, cabe lembrar que subornar policiais quando “pegos” em uma infração de trânsito, durante uma blitz, é um ato de corrupção. E milhares são as chances diárias de se praticar atos que, mesmo em pequena escala, são pouco recomendáveis. A exemplo podemos citar: “não devolver troco dado a mais”, “comprar CDs e DVDs piratas”, “comprar produtos de grife falsificados”, entre outros. São práticas diárias tão comuns, que muitas vezes nem nos damos conta de que estamos fazendo algo errado.
É preciso que se mude o comportamento nacional. A tradição endêmica do famoso “jeitinho brasileiro”. Entretanto, como essa cultura da vantagem, tão arraigada aos brasileiros, pode ser mudada? A resposta é “educação”. Só uma educação de qualidade pode mudar a situação vigente. E não falo só da educação escolar, não. É necessário se iniciar em casa, com muito cuidado, a doutrina dos nossos filhos no sentido da plena honestidade, em todos os seus pormenores. Mas não adianta o ensinamento sem o exemplo. É preciso que os pais pratiquem, diariamente, aquilo que estão ensinando aos seus filhos.
Fica claro que isso pode e deve ser continuado na escola, e poderia funcionar melhor se inserissemos a Ética, como matéria, no currículo escolar.
Sei que não é nada fácil alterar o que já está entranhado na cultura nacional. É como um vício que precisa ser controlado para não sermos vencidos por ele. Parece exagero? Mas quantas são as vítimas desse mal? Quantos brasileiros as consequências da corrupção já mataram? Não conseguem enxergar? Eu aponto a direção: muitos pereceram por falta de um setor de saúde de qualidade; outros por falta de Segurança Pública; e o que dizer da falta de infra-estrutura, água e esgoto tratados?
Os prejuízos causados são imensos e em um único texto não poderiam ser relatados.
A ideia que eu deixo para reflexão é a de que precisamos, mesmo a passos lentos, melhorar as nossas atitudes, para que deixemos filhos melhores para um mundo que, com certeza, será mais próximo do ideal para se viver. Que as derrotas do caminho, que não serão poucas, não nos desanimem para continuar no nosso propósito.
Temos que voltar a ter fé no ser humano e, para isso, conto com a sua preciosa colaboração!