Quando me refiro a “olhar”, não é apenas àquele olhar distraído que deitamos sobre as coisas e, o que é pior, sobre as pessoas. Se utilizamos esse tipo de olhar, não enxergamos com a alma e, portanto, não nos envolvemos nas relações com o que está ao redor; e sem essa interpenetração com as coisas e seres, perdemos o momento. Apenas passamos por tudo sem vivenciar a experiência que se nos apresenta.
O olhar que se comunica com o espírito do mundo, traz para nós uma integração com ele. Aí nós percebemos o outro, as coisas e os seres, deixando que tudo nos cause uma impressão, boa ou má, porém nos fazendo participar mais da vida. Isso significa aprendizado, mas também doação. Doação, sim, porque em qualquer relação levamos um pouco de alguém e deixamos um pouco de nós.
Um olhar mais apurado sobre as pessoas, por exemplo,nos permite perceber qualquer tentativa que esta faça, intencionalmente ou não, de se comunicar sem palavras. Em dados momentos, gritamos com os olhos, gestos ou com a própria energia, um pedido de socorro porque não podemos verbalizá-lo. Para um observador experiente esses sinais não passam despercebidos e, assim, ele terá a oportunidade de ajudar ou, pelo menos, de não agravar o estado desse irmão sofredor.
Precisamos, a revelia dos problemas e atribulações diárias, aprender a nos deter por mais tempo a observar o que nos cerca e travar uma relação mais estreita com os demais seres que nos acompanham nesta maravilhosa jornada chamada vida!
Boa contemplação!