O Brasil Que Não Dá Certo

Li recentemente um artigo a respeito da premiação, em 2008, de uma estudante brasileira, da Faculdade de Direito da UFRJ, pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, pela redação cujo tema escrevo a seguir: “Como vencer a pobreza e a desigualdade”. Concorrendo com outros 50 mil estudantes universitários, Clarice Zeitel Vianna Silva, de 26 anos, levou o prêmio pela sua redação intitulada “Pátria Madrasta Vil”, que foi incluída num livro com mais cem textos selecionados no concurso e que está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.

O texto se refere, basicamente, ao que temos de errado neste país e que nos afeta, povo brasileiro, ao ponto de sermos contraditórios pela abundância da falta, pelo excesso de tudo que é errado.

E um dos temas que a estudante sutilmente discute é o do Sistema de Cotas para ingresso na Universidade, assunto esse que sempre me incomodou pela sua ineficácia como programa educativo. É uma vã tentativa de resolver o problema da falta de mão de obra qualificada neste país e de aumentar o índice da população que apresenta nível de escolaridade superior.

É ineficaz primeiro porque, já de saída, para mim, é uma das medidas mais racistas que já se tomou nos últimos tempos, embora pretenda o contrário, ou seja: o governo pretende resolver o problema da culpa secular pelo advento da escravidão, garantindo uma percentagem de vagas para negros nas Universidades. Ao meu ver, essa atitude pressupõe que um negro precise de ajuda para ingressar num curso de graduação, quando na realidade o problema, seja de negros ou de brancos ou de qualquer aluno que estuda em escolas públicas, é a má qualidade do ensino. E isso me conduz até a segunda razão da ineficiência dessa medida: sem uma boa base advinda dos ensinos básico e médio que espécie de profissionais estaremos formando, nas Universidades, para jogar no mercado de trabalho?

Creio que o problema está no comodismo dessa nossa administração pública que, desinteressada em fazer o que é preciso, porém mais complexo e que exige um longo prazo, faz o que consiste na medida mais fácil e facilita a aprovação, de alunos despreparados, nos cursos de nível superior.

É claro que mudar toda uma estrutura falha de ensino básico e de ensino médio, investindo em capacitação de professores e aparelhamento das escolas com tecnologias de ponta, é algo que exige um investimento muito maior de tempo e recursos. E isso é inviável para a realidade do governo de que dispomos atualmente no Brasil.

Mas será que há realmente interesse, por parte dos nossos governantes, no crescimento intelectual do povo, tornando-o mais capaz de refletir sobre a sua realidade e os seus direitos? Não podemos esquecer que a grande maioria dos políticos tira proveito exatamente dessa condição de baixa escolaridade, que atinge grande parte da população. Sem conhecimentos as pessoas não são capazes de avaliar, pois não têm base para comparação, se um candidato a um cargo político é adequado ou não para exercê-lo. Para isso teriam de estar mais informadas sobre o passado político do mesmo, ao qual só se tem acesso através da leitura, hábito esse não cultivado por pessoas com baixa escolaridade, infelizmente.

Outro problema decorrente da falta de qualificação é a dificuldade de acesso a melhores colocações no mercado de trabalho ou, até mesmo, acesso a qualquer colocação, submetendo essas pessoas ao subemprego ou a condição de desempregadas mesmo. Isso facilita também a manipulação, dessas pessoas despreparadas, por políticos desonestos, que conquistam seus votos com ofertas de emprego ou doações de “presentes”. Para essa pessoas eu gostaria de lembrar que sucumbir a esse suborno pode sair caro. Cabe lembrar que o emprego oferecido não terá um salário alto o suficiente para cobrir gastos com escola ou saúde particulares, serviços esses de que irão precisar uma vez que o “seu” político não investirá nesses serviços gratuitos de qualidade para atender ao público. E tenha consciência de que esse seu emprego poderá não durar toda a gestão do seu candidato.

Conclusão: vocês terão trocado a chance de colocar no poder alguém que poderia realmente promover mudanças e melhorar a vida de todos.

O que precisa ser sempre lembrado por todos nós e nunca esquecido é que somos os agentes das mudanças que queremos ver na nossa sociedade.

Em época de eleição não troque seu voto por algo que, no momento, lhe parecerá atraente, mas que significará o desperdício de quatro anos de um mandato que poderia ser bastante produtivo.

“Yes, we can”! Este foi o slogan da campanha do ex-presidente americano Barack Obama e acho que podemos aproveitá-lo para nosso incentivo para promovermos as mudanças que queremos e precisamos!

Sim, nós podemos – e merecemos – ter um país mais justo, igualitário e com oportunidade para todos!

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1259